Trezena em Celebração ao Centenário de nascimento de Dona Ivone Lara

1º Dia 

Quando Dona Ivone Lara estava prestes a completar 90 anos de idade, em 2011, três meses após o primeiro lançamento do livro que escrevi sobre ela, e que nomeia este blog, Ivone Lara, a Dona da Melodia, fiz também uma trezena aqui no seu mês de aniversário, abril. Foram 13 posts consecutivos até o dia de seu aniversário, dia 13 de abril. E assim o farei neste centenário. 

Dessa vez, não temos mais Dona Ivone entre nós. Yvonne Lara da Costa faleceu no dia 16 de abril de 2018, três dias após completar 97 anos de idade. Entretanto, a Dona Ivone Lara que conhecemos viverá enquanto houver uma roda de samba das boas acontecendo em qualquer lugar do mundo e não só na sua cidade natal, o Rio de Janeiro de tantos sambas. 

Mas como este é um espaço de memória da artista, faz-se necessário registrar também esta data importante, a data de sua passagem. Assim, começo essa trezena pelo fim – o fim do corpo físico da senhora Yvone Lara da Costa. 

A foto que ilustra este primeiro post é uma colagem de algumas das coroas que fotografei durante o seu velório na quadra de sua escola de samba de coração e origem, o Império Serrano. Achei importante trazer esta imagem porque na cultura negra sambista carioca, ao menos, o gurufim (a celebração da morte de alguém, com música, bebida e comida) é uma prática benquista, uma vez que morrer tenha sido inevitável. Serve também para nos lembrar que “o morto foi chorado”, lamentado, bebido, e lembrado em cantorias. E assim foi o gurufim de Dona Ivone. 

Ainda mais estando este centenário se completando após a sua passagem e durante a pandemia do vírus covid 19 que assola o mundo e em especial ao Brasil, onde estamos em vias de chegar – hoje, dia 1 de abril de 2021 – a 400 (quatrocentos!) mil mortos. E neste tempo de pandemia estamos enterrando os nossos mortos a toque de caixa e sem a presença de amigos e familiares em geral. Neste cenário, e em nossas memórias e desejos de dias melhores, o gurufim nos parece um luxo muito distante.

 Mas este não há de ser o tom desta trezena. Falaremos de vida, de sobrevida, de memória, de imortalidade, sim. A intenção é apresentar um panorama do que acompanhei de Dona Ivone Lara até este seu centenário. 

Então, na sequência, virá o segundo post, no dia 2 de abril, amanhã. 
Até já.

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